domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mais um texto denso da Esther....

Nós, professores, precisamos estudar, por Esther Pillar Grossi

As grandes lacunas do ensino, no mundo, são duas que se articulam entre si: a mistura de modelos teóricos para dar sustentação à pratica docente e a debilidade da formação acadêmica dos professores. Com isto, falta-nos competência científica para exercer nossa profissão e cumprir nosso papel social, que é de possibilitar aos alunos o acesso aos bens da cultura, das ciências e das artes que nos legaram nossos antepassados.

Paulo Freire insistiu, alto e bom som, em que "por trás de toda prática, há uma teoria". Se esta teoria é inconsistente, os resultados da prática estão comprometidos fatalmente. Não é preciso nem verificação empírica. É previsível de antemão.

Quando, em medicina, um tratamento não tem a ver com o diagnóstico, não se faz necessário esperar para ver que não funcionará. Quando na construção civil não se seguem princípios básicos de engenharia, em suas descobertas mais recentes e avançadas, pode-se esperar o pior das obras construídas.

Em educação, se passa o mesmo. Se forem utilizados recursos inadequados, porque superados, todas as avaliações de aprendizagem escancararão índices baixos, pela lógica do princípio de causa e efeito.

Toda atividade humana tende a evoluir e a se modificar. Em educação, a evolução é mínima. Uma sala de aula, nos melhores colégios, até na disposição espacial de alunos e professores, continua a mesma desde o nascimento da escola: professores à frente, escrevendo no quadro, alunos uns atrás dos outros, em silêncio, ouvindo e copiando. O professor assistencialisticamente dando aula, dando matéria e dando nota.

Como conciliar essa estrutura escolar com a constatação piagetiana dos idos de 1980 de que há momentos em que se aprende mais e melhor com os colegas do que com o professor, alternadamente em duas fases do belo processo de aprender?

Como deixar-se invadir pela revolucionária constatação de Jacotot, no longínquo ano de 1820, de que explicar não é ensinar? Mais radicalmente ainda, ele afirmou que explicar embrutece. Só se ensina provocando o aluno a pensar, ajudando-o a encontrar-se com suas ignorâncias. É ao mesmo tempo surpreendente e interessante que, muitos anos mais tarde, Sara Pain, com sua imensa sabedoria, mostrou que ignorância não é burrice. Que ignorância tem uma função indispensável na construção de conhecimentos por que a gente só aprende se tem faltas a preencher, que são as ignorâncias. Isto tudo parece simples e fácil dito assim em um texto, mas, para levar essa riqueza toda para a sala de aula, são necessários muito investimento, muita coragem de mudar, muita lucidez, muita humildade e ética, muito compromisso com o ser humano, principalmente, com aquele que freqüenta as redes públicas de ensino.

Surpreende muito que esteja sendo oferecido um Fórum Social pelas Aprendizagens, com uma consistente estrutura de conteúdos atualíssimos nas vivências escolares e que não haja uma invasão de interessados, tanto de escolas públicas quanto particulares ou de universidades. Provavelmente, a escusa para este pouco interesse é de que estamos no fim de ano. Mas é no fim do ano que as escolas apalpam o quanto ensinaram pouco. É portanto um momento propício para serem motivadas por aquela falta que Sara Pain afirma ser o motor para que se busque aprender mais.

Felizmente, professores que fizeram parte do projeto "Alfabetização de alunos com seis anos", de 20 municípios gaúchos, já acorreram para o prazer de estudar, junto com colombianos e brasileiros de outros Estados, mesmo no mês de dezembro, ao final do ano letivo. (Zero Hora – Porto Alegre-RS)


Colei do Blog da minha colega Rita.... Esmapocart.... Valeu!!!

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